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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Apenas mais uma


Era apenas mais uma, mas não entre muitas. Nesse ponto era única.
Nunca imaginara estar num outro lugar que não o principal.
Aconteceu. Um dia, tornou-se secundária. Mas não porque quis.
Simplesmente, deixou acontecer.

Todas aquelas convicções foram caindo
Uma a uma.
Até deixá-la sem argumentos.
“– Ah, mas eu não sabia!”
Ou não queria saber.

Aquilo tudo já tinha tomado conta
De uma forma que nem tinha percebido.
Quando viu, já nem se importava com o seu novo papel
E virou apenas, mais uma.

Porém, havia aqueles momentos em que nada mais parecia existir
Só aquele momento. Que sempre parecia ser o último.
Naquele instante, ganhava de volta o papel tão valorizado: o principal
E isso era único.

Aquele gosto intenso de incerteza
Convidava o seu monótono sossego à vida
E isso a incitava a querer mais e mais
Mesmo se, no fundo, estava certa de que jamais lhe caberia
Riscar o “apenas mais” e tornar-se o “uma”.

sábado, 17 de setembro de 2011

Sobre mudanças e leveza



É incrível como mudanças (voluntárias) me fazem bem. Sejam elas grandes, como mudar de país, ou pequenas, como mudar de quarto, mudar pequenos hábitos. Parece que uma pequena mudança vem acompanhada de várias outras, uma leva à outra.

Mudar(se) nos faz jogar fora muita coisa. Às vezes é preciso se livrar do que não serve mais, mas que insistentemente guardamos, mesmo que o peso seja sufocante. Parece mesmo que necessitamos de certa densidade nas nossas vidas. É difícil tornar-se realmente livre de medos, pensamentos, traumas, coisas do passado. Na verdade, é impossível.

Nunca vamos conseguir mudar completamente, nos livrarmos de tudo o que não nos faz bem e que nos impede, muitas vezes, de seguir em frente, de tomar alguma decisão importante, de dar um rumo diferente a nossas vidas. Mas, acredito que dá para tornar as coisas um pouco mais fáceis, um pouco mais leves... Não guardar tudo para si, não “deixar passar” situações e sentimentos que nos incomodam, tentar reconhecer e mudar interna e externamente o que não está funcionando e nos deixando evoluir.

“A ausência total de fardo leva o ser humano a se tornar mais leve do que o ar... Seus movimentos a ser tão livres como insignificantes. O que escolher, então? O peso ou a leveza?”. Trecho de A Insustentável leveza do ser, de Kundera, que nos faz refletir sobre o peso que gostamos de carregar. É como se todo esse fardo fosse necessário para que soubéssemos que existimos e que temos um papel no mundo, na vida das pessoas.

Então, o melhor seria não buscar a leveza plena (e provavelmente inalcançável) e tentar buscar apenas uma forma de deixar o “fardo” menos pesado? O fator mudança pode colaborar com essa tarefa...

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Coisas esquecidas numa "folha" qualquer...

Permanecera ali, por um triz
Mas a deixaram
e
s
v
a
i
r
-
s
e
.
.
.
Arranhando o sentido tátil
Riscando as digitais

E as falanges: todas cúmplices
Reverberaram e depois...


Dia gris.
[05/07/06]

No princípio,
Era só um mundinho todo criado
Para si
Ao qual fazia parte...

Lá pelos décimos tantos
Descobriu que havia muita coisa
Além daquela redoma
Na qual estava habituado até então...

Depois que trocara todos os dentes-de-leite
Percebeu que aqueles heróis
Não passavam de seres humanos
Sujeitos com verbos
Aprisionados em orações
E sem deixar de ter adjetivos
Não muito adequados...

Prestes a alcançar o vigésimo
Notou que teria que
Conquistar um espaço só seu
E isso, ao contrário do princípio,
Ninguém podia criar...

O depois dependia desesperadamente
Do agora
E o antes, queria a independência
De álbuns de fotografia
Esquecidos, e às vezes lembrados,
Num canto qualquer do armário...

E enquanto os segundos dançam, unilaterais
Dois pra lá e dois pra lá
E cada vez que de soslaio
Se volta a cabeça para adiante...

Apresentam-se, misteriosamente
Rumo a um lugar qualquer
Ou a lugar nenhum...
O que se descobrirá num próximo movimento ?
[25/09/06]

De volta...

15/08/11 – Aeroporto de Lisboa

E começa mais uma etapa... Ainda na mesma fase de estudos na França, mas assim mesmo, uma nova etapa. Muita coisa mudou em um ano. Já não vou encontrar as mesmas pessoas, quer dizer, só alguns poucos amigos que continuam comigo... Quantas pessoas passaram na minha vida em um ano, quantas sensações, quanta coisa aconteceu, quanta coisa mudou de repente. O tempo aqui na Europa parece passar ainda mais rápido que de costume, porém a vida se apresenta tão intensa que vivemos anos em poucos meses. Às vezes isso assusta. Às vezes os sentimentos não acompanham essa velocidade feroz em que as coisas mudam.

É preciso parar, respirar, refletir, viver. Muitas vezes, talvez, seja melhor nem pensar...

25/08/11 – Grenoble

Dez dias depois do meu retorno me sinto só. Tenho alguns amigos do ano passado que continuam por aqui, mas é como se eles não estivessem, em alguns momentos. Cada um parece viver sua vida dentro da sua própria bolha, dentro de seus “quartos-brancos”. Aquela vida em grupo que tínhamos perdeu a força, por mais que a gente tente mantê-la em alguns poucos instantes em que nos reunimos. Talvez seja porque perdemos muitos de nossos companheiros e os novos ainda não nos dão tanta abertura.

Sinto que a minha amizade já não tem tanta força para alguns. É natural, eu sei. Isso me deixa nostálgica, querendo que o tempo volte para eu poder reviver todas essas lembranças que insistem em vir à mente, tão nítidas. Sinto que ainda não voltei a ser a mesma de seis meses atrás. Pensando bem, acho que isso é impossível. Alguns acontecimentos marcam demais a nossa vida, e pode mudar quem somos ou como pensamos para sempre.

domingo, 14 de novembro de 2010

Et, voilà... 3 meses na terra dos queijos e vinhos! - parte II


Fêtes de la Rentrée e Oktoberfest

Setembro foi o mês das “Fête de la Rentrée”, as festas de boas-vindas para os novos e antigos estudantes, as festas de integração, enfim, as festas de reinício do ano letivo. Cada universidade, faculdade, cursos e programas de intercâmbio, como o Grenoble-Brasil, tiveram a(s) sua(s). E haja soirées, buffets de boas-vindas, reuniões, encontros e afins. Até o mês passado ainda tiveram algumas!

Festa de boas-vindas na Bastilha, em outubro

Aquela empolgação de quando chegamos ainda continuou, mas em menor ritmo. E claro, não perdemos a oportunidade de ir à Oktoberfest, a original, em Munique – Alemanha. Fomos num ônibus que uma brasileira, da geração Gre-Brasil anterior, organizou pra 60 e poucas pessoas. Muito caos na ida, 10 horas de viagem à noite, frio e muita expectativa. Pegamos o início da festa, cedo da manhã, num dia de muita chuva e frio em Munique. Teve gente que já chegou na festa pra lá de Bagdá, ou melhor, de Grenoble... E o nosso café da manhã foi: uma caneca de 1 litro de cerveja alemã, pra despertar!

E só pra resumir ainda mais: entramos numa das tendas, tomamos cervas ao som de músicas típicas alemãs e *hab locs vestidos com roupas tradicionais, fizemos amizades, subimos nas mesas, causamos, tiramos milhões de fotos, fomos obrigados a sair às 16:30 (porque as mesas eram reservas a partir desse momento), ficamos sem rumo passeando pela festa – debaixo de chuva e frio – encontramos uma mesa do lado de fora e bebemos mais um pouco, depois esperamos a hora de ir embora e, pra terminar a noite, esperamos horas por UMA criatura sem noção, um escocês, que estava perdido, drogado, e sem documentos. Saímos de Munique 1h da manhã, por aí. Ah! Roubei um canecão daqueles, óbvio!


a galera do ônibus, na entrada da Oktoberfest



as famosas canecas de cerveja de 1L

* hab locs: habitantes locais


3° mês, mais ou menos light

Mês passado, outubro, o bicho começou a pegar: aulas e mais aulas, conferências, trabalhos, apresentações, compromissos. Por isso, todo mundo ficou (um pouco) mais responsável e cheio de afazeres. Claro que ninguém deixou de sair, mas as coisas ficaram mais lights.

As duas noites de maior passação foram: no dia do aniversário de um gaúcho, com direito a tequila (e isso já explica muita coisa) e outras bebidas, e a noite em que um paulista, ex-quase-sobrinho da Gretchen (pasmem, rsrs) disse que ia “sair do corpo” e toda a galera acompanhou... Caos total! Só quem tava lá entende. Fora esses dois episódios, tudo ficou mais calmo.

No dia seguinte ao aniversário caótico citado, fomos ao “Retour des Alpages” em Annecy, uma pequena cidade, muito fofa, perto daqui. O “Retour des Alpages” é uma festa típica da cidade que mostra as tradições dos povos dos alpes, a culinária, o artesanato, a música, as roupas típicas, os dialetos, enfim, toda a cultura de quem vive nas montanhas. O curioso é o desfile de animais, camponeses com sinos e pessoas fazendo trabalhos de antigamente nas ruas da cidade, tudo pra recriar a vida nos Alpes, de outros tempos. Muito bacana. Degustamos algumas coisinhas gostosas, comemos um *tartiflette maravilhoso e tomamos um suco de maçã (e nada mais) feito na hora, muito bom também.


Em Annecy

*tartiflette: prato típico da região, feito com batatas, queijo e bacon.


Com o final do mês veio o feriadão de 10 dias do Toussaint (dia de todos os santos), de 23/10 a 01/11, que aproveitei indo pra Paris com amigos. Mas isso, já é assunto pra outro post...