Subscribe:

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Apenas mais uma


Era apenas mais uma, mas não entre muitas. Nesse ponto era única.
Nunca imaginara estar num outro lugar que não o principal.
Aconteceu. Um dia, tornou-se secundária. Mas não porque quis.
Simplesmente, deixou acontecer.

Todas aquelas convicções foram caindo
Uma a uma.
Até deixá-la sem argumentos.
“– Ah, mas eu não sabia!”
Ou não queria saber.

Aquilo tudo já tinha tomado conta
De uma forma que nem tinha percebido.
Quando viu, já nem se importava com o seu novo papel
E virou apenas, mais uma.

Porém, havia aqueles momentos em que nada mais parecia existir
Só aquele momento. Que sempre parecia ser o último.
Naquele instante, ganhava de volta o papel tão valorizado: o principal
E isso era único.

Aquele gosto intenso de incerteza
Convidava o seu monótono sossego à vida
E isso a incitava a querer mais e mais
Mesmo se, no fundo, estava certa de que jamais lhe caberia
Riscar o “apenas mais” e tornar-se o “uma”.