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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Coisas esquecidas numa "folha" qualquer...

Permanecera ali, por um triz
Mas a deixaram
e
s
v
a
i
r
-
s
e
.
.
.
Arranhando o sentido tátil
Riscando as digitais

E as falanges: todas cúmplices
Reverberaram e depois...


Dia gris.
[05/07/06]

No princípio,
Era só um mundinho todo criado
Para si
Ao qual fazia parte...

Lá pelos décimos tantos
Descobriu que havia muita coisa
Além daquela redoma
Na qual estava habituado até então...

Depois que trocara todos os dentes-de-leite
Percebeu que aqueles heróis
Não passavam de seres humanos
Sujeitos com verbos
Aprisionados em orações
E sem deixar de ter adjetivos
Não muito adequados...

Prestes a alcançar o vigésimo
Notou que teria que
Conquistar um espaço só seu
E isso, ao contrário do princípio,
Ninguém podia criar...

O depois dependia desesperadamente
Do agora
E o antes, queria a independência
De álbuns de fotografia
Esquecidos, e às vezes lembrados,
Num canto qualquer do armário...

E enquanto os segundos dançam, unilaterais
Dois pra lá e dois pra lá
E cada vez que de soslaio
Se volta a cabeça para adiante...

Apresentam-se, misteriosamente
Rumo a um lugar qualquer
Ou a lugar nenhum...
O que se descobrirá num próximo movimento ?
[25/09/06]

De volta...

15/08/11 – Aeroporto de Lisboa

E começa mais uma etapa... Ainda na mesma fase de estudos na França, mas assim mesmo, uma nova etapa. Muita coisa mudou em um ano. Já não vou encontrar as mesmas pessoas, quer dizer, só alguns poucos amigos que continuam comigo... Quantas pessoas passaram na minha vida em um ano, quantas sensações, quanta coisa aconteceu, quanta coisa mudou de repente. O tempo aqui na Europa parece passar ainda mais rápido que de costume, porém a vida se apresenta tão intensa que vivemos anos em poucos meses. Às vezes isso assusta. Às vezes os sentimentos não acompanham essa velocidade feroz em que as coisas mudam.

É preciso parar, respirar, refletir, viver. Muitas vezes, talvez, seja melhor nem pensar...

25/08/11 – Grenoble

Dez dias depois do meu retorno me sinto só. Tenho alguns amigos do ano passado que continuam por aqui, mas é como se eles não estivessem, em alguns momentos. Cada um parece viver sua vida dentro da sua própria bolha, dentro de seus “quartos-brancos”. Aquela vida em grupo que tínhamos perdeu a força, por mais que a gente tente mantê-la em alguns poucos instantes em que nos reunimos. Talvez seja porque perdemos muitos de nossos companheiros e os novos ainda não nos dão tanta abertura.

Sinto que a minha amizade já não tem tanta força para alguns. É natural, eu sei. Isso me deixa nostálgica, querendo que o tempo volte para eu poder reviver todas essas lembranças que insistem em vir à mente, tão nítidas. Sinto que ainda não voltei a ser a mesma de seis meses atrás. Pensando bem, acho que isso é impossível. Alguns acontecimentos marcam demais a nossa vida, e pode mudar quem somos ou como pensamos para sempre.