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quinta-feira, 11 de junho de 2009

"A culpa é dos outros!"


Através dos olhos dos outros, vemos como a nossa imagem está sendo refletida. É como um espelho-mágico que não nos esconde nada, nem aquele pneuzinho saltando na lateral da barriga e nem o que acham daquelas coisas que você diz, às vezes, quando bebe todas. Mas como sempre a culpa tem que ser de alguém, é claro que é o espelho da academia que engorda, pra fazer você malhar mais, ou a culpa é do álcool, no caso da bebedeira (e é claro que você vai ter uma amnésia alcoólica quando convir).

-"Mas que injustiça! Fulaninho nem sabia o que se passava pela minha cabeça pra eu dizer aquelas coisas e fica aí me julgando". Óbvio, primeiro pelo fator-surpresa: aquela pessoa fechada, super na dela, usou a cachaça como um 'soro da verdade' e saiu se revelando (e aprontando) por aí, depois porque todo mundo tem os seus valores, e como todo ser humano, tem mania de julgar as atitudes dos outros, mesmo sem saber os motivos internos que levaram a pessoa agir daquela forma.

Por outro lado, é através dos outros que percebemos que existimos. É verdade, quer ver? Como é que você sabe se tá vivo se ninguém olhar/falar/escutar/perceber/tocar/se dirigir a você? É como se alguém tivesse morrido, não soubesse que está morto e não entendesse o porquê das pessoas não percebem a sua presença (digno de filme de Sessão da Tarde). É, só que ninguém pode viver pautado pela cabeça alheia, tirando o corpo fora das próprias decisões e apontando o dedo pros "culpados" das próprias falhas e frustrações, renegando a liberdade que todo mundo tem em escolher, desde o que vestir até que caminho seguir. Isso é o que Jean Paul Sartre chama de covardia, através da qual agimos pela má fé da nossa consciência.

É com esse pensamento, chamado de existencialismo, que Sartre escreveu, em 1944, uma peça chamada "Entre Quatro Paredes" ("Huis Clos"), onde a ideia de “ser para o outro” é mostrada através dos personagens Estelle, Garcin e Inês. Na peça, os três personagens mortos, chegam a um “inferno” nada convencional: uma sala fechada, sem janelas, espelhos, aberturas - e muito menos diabinhos chifrudos e cheiro de enxofre - num lugar onde sempre está claro e ninguém dorme, condenados a uma convivência e julgamentos eternos, cada um é o "carrasco" do outro. Afinal, "o inferno são os outros"!

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Para quem curte teatro, o texto "Entre Quatro Paredes" está sendo montado pelo Grupo Graxa de Teatro e tem estreia prevista pro final de julho. Como alguns sabem, estou fazendo uma reportagem (escrita) sobre o trabalho do grupo durante a criação do espetáculo. E, como tenho acompanhado os ensaios, recomendo a peça!
Quando tiver mais informações, posto aqui.

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Andréia Lino disse...

Brigada por interagir com o Mundo Afora. será sempre muito bem-vinda em nossas viagens. achei tão meigo seu blog. parabens e escreva bastante mesmo. adoro ler!

Nai disse...

Valeu, Andréia. Com certeza passarei pelo Mundo Afora pra fazer umas viagens de vez em quando! =) Sinta-se aninhada nesse balaio de gato aqui também!

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